terça-feira, 30 de novembro de 2010

Reflexão de fim de semestre

Nesse semestre comecei a fazer o estágio obrigatório, entre minhas atribuições está defender réus que não tem condições de pagar um advogado. Muitas coisas que eu nem imaginava começaram a fazer parte do meu dia-a-dia, muitas delas me deixam perplexas em descobrir o universo do qual irei fazer parte, no pouco que poderei fazer, quero fazer a diferença.  Esses dias visitando um blog de um promotor encontrei este texto, vale a pena ler...

A função da pena

Professor – Caros alunos, hoje vamos discutir sobre a função da pena no direito penal. Ajeita os óculos, arruma o terno, dá uma sonora e professora respirada.

Professor – Bom, como todo mundo já deve ter estudado, a pena tem por objetivo ressocializar o cidadão em conflito com a lei.

Aluno – Professor, posso fazer uma pergunta?

Professor – Já?

Aluno – ?

Professor – Tudo bem, diga.

Aluno – Achei que a pena era para punir...

Professor – Meu caro, os longos anos de evolução das teorias criminológicas estudaram o comportamento humano e concluíram que a pena deve servir para ressocializar.

Aluno – Deve servir ou serve? Ela é ressocializadora ou deve ser ressocializadora?

Professor – Hum... Ela é ressocializadora.

Aluno – Legal. E esses caras aí, que fizeram estes estudos, como eles pesquisaram?

Professor – Ah, com muitos livros, muito estudo, durante anos!

Aluno – Legal. E eles fizeram pesquisa de campo? Entrevistaram as pessoas? Ouviram vítimas e réus?

Professor – Acho que não, por quê?

Aluno – Sei lá, é que eu já sou formado em medicina, e lá a gente só diz que um remédio tem um determinado efeito se já foi testado e deu resultado mesmo. Queria saber se já foi constatado de algum modo isso, a pena ressocializa?

Professor – Acho que nunca fizeram essa pesquisa. Seria uma boa tese de doutorado, mas como você está apenas na graduação, não deve se arriscar a discutir isso. Nem no mestrado, onde você não pode ter ideias novas. Só longos anos de estudo num doutorado ou num pós-doutorado para chegar nessa conclusão. Bom, retornando...

Aluno – Legal. No doutorado tem pesquisa de campo?

Professor – Nunca vi. Só pesquisa bibliográfica.

Aluno – Por quê? Como é que se descobre que a pena serve melhor para isso ou para aquilo se não analisam dados reais? É mais fácil só ficar na biblioteca?

Professor – Não sei, pode ser.

Aluno – Ouvi falar da teoria das janelas quebradas. Nos EUA foi feita uma pesquisa de campo...

Professor – Essa teoria já é considerada ultrapassada.

Aluno – Ah, já fizeram outras pesquisas que infirmaram a hipótese? Conseguiram outros dados?

Professor – Que eu saiba não... Acho que a literatura da criminologia negou validade.

Aluno – Assim, só por literatura? Só por argumentação? Nenhum teste, nada?

Professor – Err.... acho que não...

Aluno – Engraçado, né professor. A teoria da relatividade de Einstein só foi aceita quando foi demonstrada. Em Direito as teorias não precisam ser demonstradas?

Professor – Olha, grandes autores, de renome internacional, reforçam o argumento de que a pena é deve ter, ou tem, sei lá, tanto faz, um caráter ressocializador.

Aluno – Profe, gostei da aula. No direito, então, não se testam as teorias, descreve-se o objeto por aquilo que queremos que ele seja e não por aquilo que ele é, e usamos o argumento de autoridade como principal elemento de convencimento. É um pouco mais difícil que na medicina, mas estou gostando. Obrigado.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mentira tem perna curta

Esse é um post com sabor amargo. Descobri que fui enganada e o engodo ainda está entalado na minha garganta.

Vou me explicar:

Nessas férias gostaria de participar do Projeto Rondon (esse projeto tem como objetivo proporcionar que universitários apliquem suas habilidades no trabalho em municípios carentes e isolados), pra isso precisava participar de um processo seletivo bem concorrido. Já entrei sabendo que poderia não ser selecionada e nesse caso, tentaria nas próximas férias. Meu esposo também estava concorrendo, concordamos que se um de nós não fosse selecionado deixaríamos para tentar numa próxima vez.

Então, adivinhem o que aconteceu? Estava almoçando com pressa para ir para o estágio quando o telefone do meu esposo toca, era a Sra. V. uma das responsáveis pelo processo seletivo. Ela disse que o Projeto tinha como regra que casais não poderiam ir para a mesma cidade, e portanto eu não poderia ir...

Fiquei triste, e apesar de saber que vai ser horrível passar 15 dias longe do meu marido, disse para ele aproveitar a oportunidade, pois já que nós nunca poderíamos ir juntos, era melhor ele ir logo agora. Ele decidiu ir.

Já estava me conformando com a situação quando na sexta feira passada sonhei que essa justificativa era uma      
bela de uma mentira. Acordei e fui direto pesquisar na net sobre o assunto. Olhei todos os regulamentos, não achei nada. Então entrei em contato com o Ministério da Defesa que é o responsável pelo projeto. Horas depois a resposta: "Não existe nenhuma regra sobre esse assunto" nessas exatas palavras. 


Fiquei chocada, até agora não sei bem o que fazer. Fui enganada. Fomos enganados. 


Não precisava mentir, já fui desclassificada em outros processos seletivos e nunca morri. É muito pior "ouvir" da UnB - você não é inteligente o suficiente para estudar aqui (ser reprovado no vestibular), do que não poder ir pra um projeto de assistência social. Fala sério!


Por causa disso, dessa mentira, nunca mais poderemos participar do projeto juntos (só pode participar uma vez). 


Desde então tenho pensado na origem da mentira:


Seja o seu sim, sim e o seu não, não; o que passar disso vem do Maligno. Mt 5:37 (NVI)


Não preciso nem comentar que devemos terminantemente afastar essa prática da nossa vida...

domingo, 28 de novembro de 2010

Bala de Anis

Você conhece bala de anis?

Ah conhece sim, só não está ligando o nome a pessoa. Sabe aquele pacotinho com balinhas de goma coloridas? Então, sabe a azul, é a própria. Alguns não gostam, mas eu sou fã.

O anis é uma erva aromática usada tanto para fazer chás como para temperar carnes de sabor encorpado.



O que eu mais gosto nessa guloseima é que tenho a sensação de degustar um aroma. Tô viajando? Vai me dizer que você nunca quis beber um pouquinho da essência de baunilha? ou pior, do Pinho Sol?

No universo das artes nem sempre se escuta com os ouvidos, enxerga com os olhos ou sente com o tato. Os artistas brincam com seus sentidos e nesse turbilhão de sensações cada um interpreta de um jeito. Parcial, pois é praticamente impossível tirar os óculos do preconceito.

Não quero bancar a artista, douta em letras, domadora dos verbetes rebeldes. Só estou tentando ver além do óbvio as coisas que nos rodeiam.

Então tá, bem vindo ao Bala de Anis. Retomada de um projeto antigo e querido, espero que gostem.